A cidade de Petrópolis tem sua face conhecida dos monumentos históricos dos vários pontos turísticos difundida por todo o Brasil. Mas existe uma não tão conhecida e divulgada, que é a realidade daqueles que vivem nas encostas, em comunidades humildes onde por o muito tempo o poder público fez vistas grossas para essas ocupações.
No momento de sua elaboração pelo major Julio Frederico Koeller a cidade deveria comportar no máximo 150 mil habitantes. Hoje somando a população ativa, temporária e visitante chega-se a mais de 400 mil. Extrapolando o que antes foi projetado.
Nas primeiras três décadas do século passado, entre descendentes de imigrantes portugueses, alemães e italianos não passava de 50 mil pessoas. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorre uma explosão demográfica. No seio da própria comunidade, sem contar que Petrópolis nesse período se tornava um corredor de pessoas vindas do nordeste, que passavam por aqui tendo como destino final o Rio de janeiro e também a Baixada Fluminense. A Estrada utilizada era a União e Indústria, importante destacar era a perspectiva de melhoria de vida que eles buscavam saindo de sua terra e vindo para o Rio de Janeiro.
Pessoas vindas também de Juiz de Fora-MG, chegavam a cidade, e grande parte deles eram abrigados pela Cia. Cometa e por outras empresas. A prova dessa presença nordestina em Petrópolis era a chamada Travessa da Ligação.
Muitos desses,, que seguiram para a baixada nos anos 50/60, fizeram uma meia volta retornando a Petrópolis devido as péssimas condições encontradas no Rio de Janeiro e na Baixada.
A OCUPAÇÃO DAS ENCOSTAS
A situação habitacional nesse período entre guerras e após elas, era organizado pelas chamadas vilas operarias constituídas no entorno das grandes fabricas que funcionavam na cidade.
Outra política, eram os chamados conjuntos habitacionais (IAPI) como o Alto da Serra.Nesta época as encostas ainda não estavam sendo ocupadas, por serem consideradas intocáveis por algumas reservas políticas da cidade.
Mais tarde com administrações posteriores a partir dos ano9s 50 ocorre a “verticalização do centro da urb”, precisamente de seu sitio histórico e a permissão para que ocorressem os chamados ”loteamentos populares” funcionando como uma espécie de concessão branca para que ocorresse a ocupação dos morros. Se tornando algo corrente nas administrações, acarretando o surgimento de diversas comunidades.
A partir das décadas de 60/70 tem inicio o processo de esvaziamento do parque têxtil, por conta das crises internacionais, assim como a valorização dos tecidos sintéticos vindos da China. O que gerou muito desemprego e a mudança produtiva para a Rua Teresa. Ocorrendo o fenômeno de maneira paralela na Rodovia Washington Luiz, principalmente a partir de Duque de Caxias e periferia, em função da instalação da Refinaria que vai buscar mão de obra principalmente na Região Serrana.O efeito imediato é o aumento do fluxo de coletivos inter municipais que passavam pela serra, acentuando a invasão das encostas por longas três décadas.
A principal consequência, se verifica no aumento das enchentes que antes da década de 50 não passavam de três e no maximo quatro mortes, passando para as enchentes dos anos 66 e 88 tendo um aumento acentuado no numero de mortes e principalmente desabrigados que chegou a 4 mil. Décadas mais tarde encontra-se o ápice deste processo com as tragédias de 2001 e mais ainda coma de 2011 no Vale do Cuiabá com mais de 900 mortos e centenas de desabrigados.
Somente na Zona Urbana da cidade o número de comunidades que foram estabelecidas eram cerca de 100, a cada dia o numero vai aumentando com o consentimento do poder publico que por anos deixou a ocupação se estabelecer de maneira desordenada. Isso se reflete diretamente na execução dos serviços essenciais que antes dos anos 50 e ate meados dos anos 60ª cidade era referência na educação e na economia do estado que ocupava terceiro lugar. Tinha números destacados no combate ao analfabetismo. Esse quadro n a cidade só voltou a se estabilizar na economia e na educação a partir de 2002.
Nos anos 70, outra preocupação que surge e com a questão das habitações populares, em decorrência das fortes chuvas que castigavam a cidade deixando muitos desabrigados. Prefeitos e Governadores, recorreram a empréstimos do Banco inter americano de desenvolvimento.
AUMENTO DA VIOLÊNCIA
Com a explosão demográfica se acentuou bastante a criminalidade, como assaltos residências e comércios, assim como assaltos a pedestres. Outro fato, acarretado pela violência foi o êxodo de pessoas do Rio de Janeiro para o interior. Mitos destes vieram para Petrópolis e continuaram trabalhando no Rio de Janeiro, mudando mais ainda a característica da cidade, que antes era industrial passou a ser turística e dormitório.
Este é um tema muito controverso e que requer um estudo mais aprofundado, pois está massa da população que se estabeleceu nas encostas ao longo do século XX, movimenta a economia da cidade seja consumindo ou servindo como mão de obra. Portanto merece cada vez mais a atenção por parte do poder publico
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